"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é só lembranças de arvores alheias".
É um movimento de se esquecer aquilo que se aprendeu...é um movimento de reaprender,reencontrar,aceitar e transformar o mundo e a nós próprios, no momento do aqui e agora...Liberdade para dentro da cabeça e para dentro do coração....
Um pássaro na gaiola durante a primavera sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, mas não pode fazê-lo. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então vagas lembranças e diz para si mesmo: " Os outros fazem ninhos, têm seus filhotes e criam a ninhada", e então bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua ali, e o pássaro fica louco de dor. "Vejam!", diz um outro pássaro que passa, "esse aí é um tipo de aposentado". No entanto, o prisioneiro vive, e não morre, nada exteriormente revela o que se passa em seu íntimo, ele está bem, esta mais ou menos feliz, sob os raios de sol. Mas vem a época da migração. Acesso de melancolia - "mas" dizem as crianças que o criam na gaiola, "afinal ele tem tudo o que precisa". E ele olha lá fora o céu cheio, carregado de tempestade, e sente em si a revolta contra a fatalidade. " Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis! Tenho tudo que preciso. Ah! Por bondade, liberdade! Ser um pássaro como os outros."
O homem assemelha-se a este pássaro...
E os homens ficam frequentemente impossibilitados de fazer algo, prisioneiros de não sei que prisão horrível, horrível, muito horrível.
Há também, eu sei, a libertação, a libertação tardia.
Uma reputação arruinada com ou sem razão, a penúria, a fatalidade das circunstâncias, o infortúnio, fazem prisioneiros.
Nem sempre sabemos dizer o que é que nos encerra, o que é que nos cerca, o que é que parece nos enterrar, mas no entanto sentimos não sei que barras, que grades, que muros.
Será tudo isto imaginação, fantasia? Não creio e então perguntamos: Meu Deus, será por muito tempo, seria para sempre, será para a eternidade?
Você sabe o que faz desaparecer a prisão:
É toda afeição profunda, séria! Ser amigos, ser irmãos...AMAR...isto abre a porta da prisão, por poder soberano, como em encanto muito poderoso...
Vicent Van Gogh - Cartas a Theo
Então amigos...irmãos...como dizia Richard Bach...vê mais longe a gaivota que voa mais alto...ou Fernando Pessoa, com: "Tudo Vale a Pena quando a alma não for pequena.E você? Ainda dorme? Ou esta a voar por longínquos telhados?
